sexta-feira, 13 de junho de 2008

Conversando com Laurinha

A Laurinha tem um blog -super massa, como dizem minhas crias. E numa consulta informal, acerca dos livros, ela passou umas dicas super legais, acessíveis e criativas. Depois de ler o post que ela, delicadamente respondeu (e com uma rapidez -invejável), me lembrei de um que não sai da minha cabeceira: "Biblioteca à noite" do Alberto Manguel que foi publicado pela companhia das letras em 2006. Eu, particularmente, entrego-me aos seus texto. Logo no início o autor, traduz uma sensação que experimentei, desde sempre:
"As bibliotecas -as minhas ou aquelas que compartilhei com um público mais amplo de leitores- sempre me pareceram lugares agradavelmente insensatos, e, até onde consigo lembrar, sempre me seduziu a lógica labiríntica pela qual a razão (não a arte) parecia imperar sobre um conjunto cacôfonico de livros. Sinto um prazer aventuresco em me perder entre as estantes carregadas, confiando superticiosamente que alguma hierarquia de letras e números, há de me conduzir, um dia, ao destino prometido".
Eu não tenho uma biblioteca, ainda... mas na minha casa tem um "conjunto cacôfonico de livros". Embora eu tenha muito ciùmes -de todos os livros e sinta um nó nas entranhas quando os perco de vista- empresto-os (confesso que é muito raro). Para mim, cada livro tem uma história (assim como as minhas tatuagens) e deixei de comprar sapatos (que amo); fazer viagens (que sonho) e recauchutar o saphe (se tivesse coragem de levantar o seio e eliminar a panceta com um lipo).... blá...blá . Isto porque priorizei as viagens mentais, ainda que nem sempre sejam saudáveis.
Bem, depois que descobri a física quântica fiquei mais aliviada em saber que o caos é o princípio da ordem.

Quando envelhecer, vou usar púrpura

"Quando ficar velha, quero usar púrpura .Com chapéu vermelho, que não combina e fica ridículo em mim.Vou gastar o dinheiro que tenho em uísque, usarei luvas no verão, e me queixarei que falta manteiga em casa.Vou sentar-me no meio- fio quando estiver cansada, comerei todas as ofertas do supermercado, tocarei as campainhas dos vizinhos, arrastarei meu guarda-chuva nas grades da praça, e só assim me sentirei vingada por ter sido tão séria durante a juventude.Vou andar de chinelos, arrancar flores do jardim dos outros, e cuspir no chão.Vou usar roupas horríveis, engordar sem culpa, comer um quilo de salsichas no almoço, ou passar uma semana só na base do pão e picles.Vou juntar caixinhas, lápis, e rótulos de cerveja.Mas, enquanto ainda sou jovem, preciso de um tipo de roupa que me deixe seca em caso de chuva, tenho que pagar o aluguel, não posso dizer palavrão na rua, sirvo de exemplo para a infância, preciso ler jornal, estar informada, convidar meus conhecidos para jantar.Por isso, quem sabe eu deveria começar a treinar desde agora? Assim ninguém vai ficar chocado quando de repente, eu ficar velha e começar a usar púrpura." (Jenny Joseph)
Isso serviu como um lembrete de meu papel no descaso venenoso, mas predominante, com que a maioria dos seres humanos contempla seus semelhantes, ignorando suas cronologias e seus períodos mais tenros, suas cartas, seus diários, os locais de juventude e maturidade, seu banco escolar e suas festas de casamento.(Alan de Botton)

Epígrafe(s)

Pois que toda literatura é uma longa carta a um interlocutor invisível, presente, possível ou futura paixão que liquidamos, alimentamos ou procuramos. E já foi dito que não interessa tanto o objecto, apenas pretexto, mas antes a paixão: e eu acrescento que não interessa tanto a paixão, apenas pretexto, mas antes o seu exercício" (BARRENO, Horta e Da costa)

Bibliografia(s)

  • BOTTO, A. Arquitetura de Felicidade. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.
  • BOTTON, A. Nos minimos detalhes. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.

Alguns títulos que que me fizeram pensar...

  • http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000231.pdf